Demonstrando que há muito nossos laçadores já deixam seus feitos registrados na história; vamos relembrar um acontecimento que nos remete ao ano de 1963.
Acontecia naquele ano o IX Congresso Tradicionalista do Rio Grande do Sul, na cidade de Carazinho. Este evento reuniu 47 CTGs do RS, dois do Uruguai, Um da Argentina e Um de Lages: O CTG DO BARBICACHO COLORADO. A delegação lageana compunha-se de 40 peões e prendas e teve participação ativa no evento. Muitas foram as homenagens recebidas pelos lageanos. Mas, vamos nos limitar à demonstração de laço, para a qual foram escolhidos cinco laçadores para “pelear” contra os gaúchos representados pelo CTG Rincão Serrano daquela cidade gaúcha. O Patrão Al Neto registrou mais ou menos assim esta verdadeira epopéia:
“Ao som da Doralice; tocada pelo gaiteiro Célio Garcia; o patrão anunciou o nome dos cinco representantes. À porteira o Patrão que comandava os Riograndenses, disse amistosa e jocosamente:
- Quer que soltemos os guampudos ou vão mesmo esses de sobreano, que tem só um toquinho?
- Guarde os guampudos para os seus laçadores, amigo – respondeu o patrão lageano – que eles vão precisar deles...
O boisinho que saiu para Deusdeth Velho Ramos, capataz do Barbicacho Colorado e o primeiro a laçar, era ligeiro e de aspas miúdas, mas aos 50 metros já estava laçado. A disputa estava mano à mano. O torneio atingiu seu ponto culminante quando saiu para o lageano Mário Bianchini um boi que até parecia mocho, pois no lugar das aspas havia dois tufinhos de pêlo. O povo gritou: “Nesse vale pescoço e perna!”. O patrão Riograndense perguntou ao patrão lageano se queria que soltasse outro. Não. É esse mesmo...E nem teve tempo de concluir a frase e a armada de Bianchini cerrara nas guampinhas, fazendo voar ao vento os tufinhos de pêlo. O entusiasmo da multidão foi tão grande que parecia um trovão ecoando na coxilha e todos aplaudiram; deixando de lado as cores para só existir admiração pela armada guapíssima; uma armada dessas que só se vê uma vez na vida...Era o que todos comentavam.
Finalizando, haviam três bois na mangueira, O Patrão lageano mandou que soltassem juntos, pois era Rogério Leite que iria apresilhar a disputa e este demonstrando que lageano não se atrapalha, nem titubeia na escolha, paleteou dois e num tiro certeiro, laçou o terceiro”. Estava ganho pelos lageanos por 3 x 1 o torneio de laço do IX Congresso Tradicionalista, passando para a história mais esta façanha dos sempre campeões do laço lageano...
Ao abraçar o patrão riograndense, o Patrão lageano acentuou que “entre gaúchos não há vencedores nem vencidos, mas apenas amigos” e agradeceu a hospitalidade do CTG Rincão Serrano.
(Sebastião Orli Schemes).
